O que ver rosto nas coisas e uso de IA tem relação?
O que ver rosto nas coisas e uso de IA tem relação?
A nossa mania de humanizar tudo encontrando padrões que, por exemplo, parecem com rostos é a mesma que influencia como avaliamos a IA que usamos.
Sabe quando você olha para uma tomada na parede e jura que ela tá sorrindo pra você? Ou quando vê uma foto de Marte e tem certeza que tem um rosto lá? Não, você não está pirando; você é só mais uma vítima da pareidolia, um fenômeno psicológico que nos faz ver rostos até onde eles não existem. Estudos como o de Kang Lee, publicado na revista "Cognitive Science", mostram que essa tendência está enraizada na nossa biologia. Agora, pense bem: se somos programados para humanizar até objetos físicos, imagina o que não fazemos com Inteligência Artificial?
Neste artigo, vamos desvendar como essa programação cerebral molda nossa relação com a IA. Não é só código e algoritmo; é psicologia humana entrando em cena e alterando inclusive se você acha que a resposta foi boa o suficiente, ou não!
O Casamento (nem tão) Inusitado Entre IA e Psicologia Humana
Já parou pra pensar que quando você conversa com uma IA, você tá conversando com um monte de código? Não tem nada de "ser", é tudo zeros e uns. Mas por que então a gente tem essa mania de achar que a IA tem sentimento, intenção ou qualquer outra coisa que parece humanóide?
Já ouviu falar no Efeito ELIZA? O estudo clássico de Joseph Weizenbaum mostrou que as pessoas podem se abrir emocionalmente até com um programa de computador rudimentar se ele oferecer respostas que pareçam empáticas.
Ruby Liu, pesquisadora do MIT Media Lab, diz que "AI é apenas metade da interação humano-IA". A consequência disso é dupla. Por um lado, essa interação pode tornar a IA mais eficiente e amigável. Por outro, a gente corre o risco de ser manipulado por algo que apenas simula entender nossos sentimentos e necessidades.
O efeito placebo em você
Placebo é quando a sua mente é estimulada a gerar algum resultado, mas usando um artefato externo que alimenta a crença de que ele é o agente da mudança. Tipo quando te dão um remédio “falso” para sua mente acreditar que está se curando, mas na verdade você se curou sozinho, apenas por acreditar.
O mesmo é possível de acontecer quando falamos de influenciar pessoas a pensarem em relação a inteligência artificial.
Participantes que estavam prestes a interagir com um chatbot de saúde mental foram informados de que o bot era atencioso, manipulador ou não tinha nenhuma intenção.
Depois de usar o chatbot, que é baseado no modelo de IA generativa GPT-3 da OpenAI, a maioria das pessoas influenciadas a acreditar que a IA estava se importando disse que a IA ajudou. Os participantes que foram informados de que a IA não tinha intenção nenhuma disseram que não ajudou. Mas todos estavam interagindo com o mesmo chatbot.
Apenas 24% dos participantes que foram informados de que a IA estava tentando manipulá-los para que comprassem seu serviço disseram que o consideravam malicioso.
Isso pode ser um reflexo do viés positivista dos humanos e de que eles podem “querer avaliar [a IA] por si próprios”, diz Pat Pataranutaporn, pesquisador do MIT Media Lab e coautor do novo estudo publicado esta semana na Nature. Aprendizado de máquina.
Os participantes que foram informados de que o chatbot era benevolente também disseram que o consideravam mais confiável, empático e eficaz do que os participantes preparados para acreditar que era neutro ou manipulador.
O efeito placebo da IA já foi descrito antes, inclusive em um estudo no qual pessoas que jogavam um jogo de quebra-cabeças avaliaram-no melhor quando disseram que a IA estava ajustando seu nível de dificuldade (não estava - não havia uma IA envolvida).
E agora? Estou sendo manipulado por uma IA?
Lembra do Efeito ELIZA que falei antes? Pois então, ele mostrou que podemos nos abrir com uma IA. Mas o que acontece quando essa IA é programada para te manipular? Estudos recentes, como o de Pat Pataranutaporn no MIT Media Lab, mostram que a IA pode induzir respostas emocionais nas pessoas, afetando decisões que vão de compras impulsivas a opiniões políticas.
Se uma IA pode ser programada para ser ética, também pode ser programada para ser o oposto. A manipulação emocional é só a ponta do iceberg. Helena Matute, da Universidade de Deusto, aponta que pessoas que tendem a acreditar no que vêem e lêem seguem o que IAs dizem sobre instruções médicas, mesmo quando claramente a IA está equivocada.
O ponto é que IAs aprendem com dados, e quem cria esses dados somos nós, seres humanos cheios de vieses e estereótipos. Se não tivermos cuidado, a IA pode acabar reforçando essas ideias erradas e preconceituosas.
Acontecendo no Mundo
Spotify clonado e traduzindo podcasters
Esse alerta é para você, produtor de conteúdo. O Spotify começou um trabalho de clonagem das vozes de seus podcasters oferecendo a tradução do conteúdo para vários idiomas. Para os criadores de conteúdo, uma mega oportunidade de expandir seu público, mas um alerta de para onde a plataforma está apontando.
Namoradas virtuais estão arruinando a masculinidade?
Mais de 60% dos jovens (18-30 anos) são solteiros. Um em cada cinco homens não tem um único amigo próximo. Os compromissos sociais sofreram uma queda de 20 horas por mês desde a pandemia. E aí? Qual sua opinião?
Bard fofoqueiro: suas conversas estão no Google
Aparentemente quem andou trocando confidências com o Bard - famoso ChatGPT do Google -, melhor ir lá dar uma conferida, pois parece que ele andou disponibilizando algumas conversas online.
Sam Altman e Jony Ive de mãos dadas elaborando um device de AI
A lenda máxima da Apple por trás de criações gigantescas, Jony Ive, está se engraçando com o Lord rei da AI Sam Altman. O rumor é que ambos estão discutindo de boas qual é a cara de um aparelho na era da inteligência artificial. Ousadia sabemos que não falta para os dois.
Quem é este misterioso homem que tanto apareceu aqui e é o responsável por detrás das decisões em cima das ferramentas de IA mais poderosas do mundo? Ele é a pessoa certa? O que ele pensa sobre o futuro? Isso e muito mais no artigo New York Magazine.
Ferramenta da Semana
O vídeo fala por si só. Olha a qualidade desse gerador de emojis com Inteligência Artificial. Um presente que foi encontrado no Product Hunt. Dá um confere: emoji.is