Entenda a guerra pelo domínio do mercado de AI das Big Techs
Quem são as gigantes do mercado de tecnologia que estão precisando trabalhar sem parar para não perder o passo com inteligência artificial.
Nenhum império dura para sempre, e historicamente, inovações limparam das listas de maiores empresas do mundo, como a Fortune 500, empresas que pareciam tão sólidas e gigantes que nem se saberia por onde começar a tomada.
No mercado de tecnologia, onde a velocidade de mudança é ainda mais veloz, as Big Techs, como são chamadas as grandes empresas de tecnologia do mundo, disputam entre si o domínio de toda nova tecnologia que aparece pela frente. E elas se encontram agora novamente no ringue de boxe do domínio de mercado, mas lutando por um novo prêmio: o domínio do mercado de inteligência artificial.
O que é uma Big Tech e quem são as Big Five do mundo?
As grandes empresas de tecnologia, também conhecidas como gigantes da tecnologia, são basicamente grandes corporações que dominam a indústria de tecnologia. Eles têm as mãos em tudo, desde mídia social e publicidade online até comércio eletrônico e computação em nuvem. Essas empresas cresceram tanto que têm uma influência absurda não apenas no mundo da tecnologia, mas em praticamente todos os aspectos de nossas vidas.
Agora, quando as pessoas falam sobre grandes empresas de tecnologia - big techs -, geralmente se referem às cinco grandes: Amazon, Apple, Facebook, Google e Microsoft, ou de forma resumida as Big Five.
Existem diversas outras grandes empresas de tecnologia, no entanto as Big Five concentram em si o domínio por mais de um único mercado. Até mesmo o Google, que tem a maior parte de sua receita oriunda de propagandas na internet, possui o domínio de vários sites e aplicações que são relevantes no dia a dia de muita gente no mundo inteiro.
Por que as Big Techs estão preocupadas com inteligência artificial só agora?
Este não é o primeiro rodeio de AI como principal foco de estudo e discussões no vale do silício. Logo depois do boom das redes sociais se falou muito sobre as aplicações no campo de AI, principalmente depois que as próprias redes sociais começaram a divulgar como o uso de AI potencializou a recomendação de conteúdo para gerar ainda mais engajamento. A verdade é que todos os novos serviços criados por essas empresas tinham como centro como esses novos produtos fortaleceriam seus negócios atuais de rede social.
O fato é que AI não é uma novidade para as Big Techs. Ainda em 2014, por exemplo, Jeff Bezos já falava com seus times sobre como embarcar AI dentro das suas soluções, inclusive no comércio eletrônico. Em 2016, Sundar Pichai, CEO da Alphabet, começou a posicionar o Google como uma empresa “AI first”.
Porém essas empresas olhavam para as tecnologias de AI como aplicações específicas: Amazon para e commerce, Apple para a Siri, Google para ajudar na busca, Microsoft para ajudar usuários na gestão de dados e o Facebook para melhor posicionar propagandas e engajar o público.
No entanto o novo modelo generativo como o GPT4 tomaram de vez o mundo, e ganharam uma popularidade sem precedentes na história de adoção de serviços digitais. Estimativas apontam 100 milhões de usuários ativos no mês em Janeiro de 2023. Desde de Novembro do ano passado, quando o ChatGPT chegou ao mundo, as big techs foram de “isso não é nada” para “parem tudo o que estão fazendo e se foquem em AI”.
O fato é que a OpenAI não é uma empresa que cria tecnologias, e não uma empresa de produtos. O que significa que seus times criam tecnologias que vão direto para a mão dos usuários, e talvez por isso possam ser tão velozes, ao contrário das big techs com seus largos times de engenheiros, gerentes de produto, equipes de marketing etc.
Inclusive em depoimentos diferentes o Google menciona que não deixou sua tecnologia de AI aparecer ainda por estar sendo cautelosa. Já o líder de AI do Facebook, afirmou que a OpenAI nem é tão boa assim. E a verdade é que por complacência talvez, todas as big techs estavam confiando nas assistentes virtuais como suas melhorias criações. O problema é que elas possuem uma arquitetura de controle e comando, ao invés do modelo generativo feito com LLM - Large Language Models. Adaptar essas assistentes a essas novas estruturas não seria tarefa fácil.
Como as Big Techs estão respondendo ao ChatGPT?
Todos os gigantes da tecnologia estão lutando para entrar em ação. Mas, essa revirada vem somada com uma crise sem precedentes no mercado de tecnologia, o que pode gerar um impacto ainda maior em como as big techs criam tecnologia de hoje em dia.
Cada empresa está reagindo e respondendo de uma forma diferente. Você lembra da OpenAI, certo? Você sabia que ela é metade da Microsoft? Bem, eles acabaram de lançar o modelo de AI insanamente poderoso GPT-4. É como o próximo nível do ChatGPT, que foi quem começou toda essa nova disputa. Graças a visão da Microsoft em fazer parcerias e investimentos nas empresas corretas, hoje ela está muito bem posicionada. Bill Gates inclusive recentemente se pronunciou algumas vezes sobre como enxerga AI como um fator de grande impacto no setor.
A Amazon não quer ficar para trás! Sua subsidiária de computação em nuvem, AWS, está pronta para fazer parceria com a Hugging Face, outra startup de IA. A Amazon possui uma força de trabalho com AI estimada em mais de 10 mil pessoas.
Existem rumores sobre a Apple de que eles estão testando novos modelos de IA em todo o seu negócio. Sim, até a Siri está recebendo uma atualização com foco em entender melhor a língua falada, e se utilizar de modelos generativos.
Por outro lado, a Meta, do Mark Zuckerberg, está dando um cavalo de pau. O foco que antes estava inteiro no metaverso agora muda para "turbinar" todos os produtos da Meta usando IA.
Por fim o Google - o rei dos mecanismos de busca do Sergey Brin e Larry Page - lançou seu próprio chatbot de IA chamado Bard em 21 de março. É como a resposta deles ao ChatGPT, e eles estão jogando isso na mistura para tornar suas ferramentas de produtividade ainda melhores. O Google possui uma força de trabalho com foco em AI estimada em quase 5 mil pessoas.
Todas as grandes empresas de tecnologia estão apostando tudo na IA. Não só em dinheiro para a compra de empresas, mas também na contratação de talentos. Uma empresa de análises de Londres estima que a força de trabalho em AI dessas empresas já esteja em 33.000 pessoas. Grande parte das novas vagas sendo listadas pelas big techs agora se concentram em AI, isso no meio de uma das maiores geadas de contratação da história de tecnologia.
Por quê o Alphabet precisou se movimentar em relação ao ChatGPT?
Mesmo tendo uma série de serviços bem ampla, todas as big techs possuem produtos que são seus carros chefes. A Alphabet nunca conseguiu em nenhuma empresa de seu grupo entrar no mercado de redes sociais, e já enfrentava recentes dificuldades para brigar com serviços como Instagram e TikTok que estavam carregando as buscas para as novas gerações.
A ascensão destes serviços embora presente não apresentou uma velocidade de crescimento tão absurda quanto o ChatGPT. Depois que as pessoas descobriram que poderiam perguntar o significado de coisas, pedir resumos, aprender novos assuntos, tudo como se estivesse conversando com alguém, fazer uma busca na internet para ler vários artigos pareceu antiquado.
O problema é que se as pessoas deixam de navegar na internet e nos buscadores para responder suas dúvidas, e começam a fazer tudo isso a partir de uma única tela, o sistema inteiro de propagandas na internet sente o impacto. É quase como quando a Apple decidiu tirar os sistemas de mapeamento que fez com que o valor de mercado do Facebook caísse consideravelmente.
A OpenAI, ou qualquer empresa que esteja integrada a ela, tem o poder de ter o mesmo impacto, tirando a visibilidade dos buscadores do que usuários na internet estão interessados e impedindo que o buscador consiga colocar suas propagandas de forma relevante e para mais gente.
Alphabet e Microsoft na briga pelo mercado de desenvolvedores
Toda big tech aprendeu que historicamente atrair desenvolvedores de software para criar sistemas é uma estratégia vencedora. E é quase que correto afirmar que cada big tech dessa possui uma plataforma de software para chamar de sua.
Porém a Microsoft vem fundamentando seus passos há muito tempo. Começou com a aquisição do Github, e depois com o famoso VS Code. Agora largou na frente novamente integrando de forma íntima o GPT4 para ajudar desenvolvedores a criarem software de forma ainda mais rápida. A junção desses produtos deu lugar ao Co-pilot, serviço de AI que entende seu código fonte e consegue sugerir novos códigos.
O Alphabet recentemente anunciou a parceria com o Replit, uma plataforma em nuvem de programação que já possuía alguns recursos com AI, mas que agora se concentra em oferecer esses serviços para os seus mais de 20 milhões de usuários, com os sistemas do Google.
Mesmo não sendo a gigante que o Github é, o Replit possui mais de 100 milhões de dólares captados e clientes como Stripe e Shopify. Além disso a própria Bloomberg possui investimentos no Replit através do Bloomberg Beta.
Acontecendo no Mundo
O Google não vai penalizar seu blog se usar AI
Muita gente, inclusive empresas, entraram na onda de produção de conteúdo para seus sites e blogs com o objetivo de ganhar eficiência e não sofrer mais com paralisia por falta de idéias sobre o que escrever. Nesse resumo de relatório o Google deixa claro como ele vai encarar no SEO de sites o uso de inteligência artificial na produção de textos.
Os riscos de próximo monopólio
Rodar modelos de inteligência artificial é custoso. Treinar modelos então mais custoso ainda. E agora com todas as empresas sofrendo do FOMO de AI para conseguir se manter atualizada com o resto do mercado, elas acabam contratando poucas outras empresas para prestar esse serviço. Esse filme nos já vimos no passado e deu vez para um monopólio gigante. Estamos talvez no início do monopólio de AI.
Inverno chegará para AI em 2030?
William Eden prevê um inverno de IA. Ele argumenta que os sistemas de IA (1) são muito pouco confiáveis e inescrutáveis, (2) não ficarão muito melhores (principalmente devido a limitações de hardware) e/ou (3) não serão tão lucrativos. Ele diz: “Estou vendo algumas coisas que me fazem pensar que estamos em um cenário clássico de bolha e muitas tendências que claramente não podem continuar”.
Empresas
O Justiceiro da vida real que a GM montou
A GM está com planos de criar o primeiro carro integrado com ChatGPT para você poder falar com ele. Quem nunca fez aquela viagem longa, que seria bacana jogar uma conversa fora. Ou até mesmo ficou sem assunto com a turma e ficou aquele silêncio constrangedor?
Transformar um roteiro em filme sem usar câmeras
É isso que a Runway lançou essa semana com o modelo Gen-2. Ele é a evolução do modelo Gen-1 que a partir de uma imagem ou vídeo já pré-existente conseguia seguir edições descritas. Mas, agora, os vídeos anteriores são completamente desncessários. Vale a pena conferir o vídeo de demonstração no site.
Mas somente esse desenvolvedor sabe mexer nesse código
Uma das frases mais comuns de se ouvir, e que muitos desenvolvedores sabem que são essa pessoa e usam isso para justificar muitas vezes até mal comportamento. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, inteligência artificial como ferramenta de desenvolvimento não vem para produzir somente código, ela vem para aumentar eficiência em diversas frentes.
Interessante, Mas Não Relacionado
A poção anti-bêbado
Um novo estudo mostrou que injetar FGF21 em camundongos bêbados, um hormônio natural, pode ajudá-los a ficar sóbrios duas vezes mais rápido do que aqueles que não receberam o hormônio. O FGF21 é produzido pelo fígado. Ele ativa as células nervosas no cérebro, permitindo que os ratos acordem da embriaguez mais rapidamente. Atualmente, os médicos precisam esperar que os pacientes com envenenamento por álcool acordem antes de abordar seus sintomas.